Anúncios
A imagem de dor e sofrimento não está limitada nas portas das unidades de saúde de Manaus, capital do estado do Amazonas. Nos cemitérios da cidade fica nítido que algo deu muito errado no combate à pandemia da Covid-19, com a fila de carros funerários aguardando pelo sepultamento dos corpos que levaram até o local.
A média histórica de sepultamentos diários nos cemitérios de Manaus ficava entre 30 e 40 enterros antes da pandemia. Somente nesta última sexta-feira (15), foram realizados 213 sepultamentos somente em Manaus, fora os enterros que aconteceram nas outras cidades do estado.
Anúncios
O número de enterros é tão grande que os coveiros que trabalham no local há anos, não conseguem abrir covas em tempo hábil. Ulisses de Souza Xavier, de 52 anos, trabalha como coveiro do campo santo, ele é um dos 24 coveiros do campo santo e revelou que antes eles faziam as covas com as próprias mãos, mas que agora não dá mais.
Anúncios
Suas palavras justificam a presença de escavadeiras no cemitério Parque de Manaus, que não param de abrir novas covas em uma nova área que foi aberta para que haja espaço para enterrar as novas vítimas da Covid-19.
A parte antiga destinada aos enterros de vítimas do novo coronavírus está lotada com mais de mil corpos enterrados. Comovido, Ulisses afirmou que nunca imaginou que veria cenas assim em sua vida, são 16 anos trabalhando no cemitério.
Os sepultamentos são marcados por muita tristeza, somente três familiares podem acompanhar o enterro e é difícil dar o adeus a quem você ama em um caixão lacrado colocado em uma cova que acabou de ser aberta por uma máquina escavadeira.
A escavadeira também joga a terra sobre o caixão e em seguida parte para abrir outra cova.
Os coveiros e roçadores que trabalham no local tiveram o horário de almoço reduzido para dar conta do serviço. Os roçadores ficam responsáveis por abrir novas áreas no cemitério onde em seguida a escavadeira entra para fazer novas covas.
Vandelson Souza que está trabalhando no cemitério revelou que apenas na manhã deste sábado eles tinham “ajeitado” 14 covas e que sem que ninguém perceba sai para chorar. “As vezes eu choro porque nunca vi uma parada assim”.